Por Antonio Penteado Mendonça

Antonio Penteado MendoncaOs especialistas e executivos não têm dúvida: daqui a cinco anos o setor de seguros brasileiro terá uma cara completamente diferente da atual. Os players devem mudar, os produtos serão outros, a comercialização será mais dinâmica e a operação das seguradoras mais precisa e mais rápida.
Entre as premissas básicas para o sucesso está o redesenho das operações, com ganhos de escala, corte de custos e mais eficiência em todos os momentos do negócio.
Quem não acreditar nisso corre o sério risco de ficar fora rapidamente. A velocidade das mudanças está se acelerando dia a dia e cinco anos passam muito depressa.
Entre secos e molhados, se o próximo governo simplesmente deixar o país andar sem atrapalhar, o Brasil cresce mais de 3% em 2019. É uma mudança radical nos prognósticos dos economistas, mas ele está baseado em estudos sérios feitos por gente que vive disso e que sabe analisar as tendências, os ventos e as marés.
Se tem uma notícia boa para o setor de seguros é este crescimento acima das previsões feitas até poucos meses atrás. O Brasil crescer é o maná caindo do céu. Seguro é atividade de suporte, assim, não há como o setor se desenvolver sem que a economia cresça como um todo.
O setor de seguros brasileiro tem potencial para dobrar de tamanho em relativamente pouco tempo. Para isso não são necessários novos públicos ou produtos muito diferentes do que temos hoje.
A penetração do setor ainda é muito baixa. Com apenas 30% das empresas contratando algum tipo de seguro, com mais de18 milhões de imóveis sem qualquer tipo de proteção, com apenas 25% da frota de veículos segurada, o simples aumento da demanda por estes seguros é suficiente para gerar um crescimento rápido e consistente, capaz de mudar o patamar da atividade.
Com o país crescendo mais e mais rapidamente, estas demandas se imporão naturalmente, como resultado da maior consciência da necessidade de proteção patrimonial como a melhor ferramenta para manter o ritmo do crescimento pessoal e empresarial.
Quem tem protege. A máxima é verdadeira e tem tudo para ajudar a impulsionar o crescimento do setor de seguros, se somando aos investimentos das seguradoras na busca de novas soluções para segurar a sociedade com um melhor custo/benefício.
Se pensarmos que, além dos seguros acima, o país, levando em conta o tamanho da população, tem forte defasagem nos seguros de pessoas, nos planos de saúde privados e na previdência complementar, o quadro fica melhor ainda.
Se colocarmos na conta a necessidade de imensas obras de infraestrutura que sem seguros de garantia e seguros para sua realização não são possíveis de serem feitas, veremos que o setor dobrar de tamanho não é só possível, como uma consequência lógica do processo de desenvolvimento nacional.
A movimentação das seguradoras pode ser sentida no novo desenho que silenciosamente vai modificando não apenas o ranking das companhias, mas principalmente a visão de negócio de cada uma.
Já os corretores de seguros, grosso modo, estão muito mais em situação de espera, como se precisassem entender o movimento das seguradoras para se posicionarem no mercado.
É uma posição arriscada. Pela natureza da atividade, os corretores pequenos, os chamados corretores de pastinha, que fazem apenas alguns seguros todos os meses, são os menos ameaçados. Em função de seus custos muito baixos e de suas relações pessoais, eles continuarão a ter espaço. A questão é mais delicada para os corretores maiores, inclusive os grandes, que carregam estruturas mais pesadas e mais caras.
Seja através da ação de corretores dispostos a investir no negócio e inovar ou diretamente através das seguradoras, novas formas de comercialização vão surgindo e ocupando seu espaço. Esta tendência deve se acentuar e as formas tradicionais de comercialização de seguros serão cada vez mais desafiadas por novos modelos de negócios, mais baratos e com maior penetração. Quem ficar esperando o bonde passar vai ser comido pelo novo. Quem se preparar e sair na frente tem tudo para se dar muito bem.

Fonte: O Estado de São Paulo, em 26.11.2018.