Você provavelmente já ouviu falar em MGA, Sandbox, GIG Economy… mas, você sabe o que esses termos significam? Para debater as principais tendências e desafios da transformação tecnológica no mercado de seguros e áreas afins, a Escola de Negócios e Seguros (ENS) promoveu, dia 11 de agosto, o 1º Seminário de Inovação e Seguros, que contou com apresentações dos membros do Grupo de Pesquisa em Seguro e Inovação da Escola. 

O primeiro painel do seminário foi conduzido pelos professores da ENS, Luiz Macoto e Humberto Carrilho, que falaram sobre MGA e Assessorias de Seguros. Macoto explicou que as MGAs (Managing General Agent) não possuem regulação específica no País, enquanto, no exterior, já funcionam há décadas. 

Ele destacou que, em mercados mais desenvolvidos como o europeu e o norte-americano, é comum que a MGA opere no mesmo setor. “Das 100 maiores seguradoras dos Estados Unidos, 43% trabalham como MGA. Lá existem 600 MGAs que produzem US$ 47 bilhões em prêmios”. 

Carrilho, por sua vez, contextualizou a definição das assessorias de seguros, falou sobre serviços agregados, o modelo de negócios dessas empresas e como elas se relacionam com o mercado. 
Insurtech e Sandbox 

O segundo painel abordou o tema Insurtech e Sandbox, e foi conduzido por Samy Hazan, consultor de Inovação Aberta e coordenador da Certificação Avançada em Insurtechs e Inovação em Seguros, da ENS. Hazan explicou o conceito de insurtech e lembrou que a junção do termo insurance (seguro, em inglês) com tech (abreviação de tecnologia, também em inglês) deu origem ao nome. 

“O objetivo principal dessas empresas é transformar e modernizar a indústria de seguros, tornando-a mais acessível e orientada para os clientes. As insurtechs impulsionam cada vez mais a inovação, a competitividade e a oferta de produtos mais adequados às necessidades dos consumidores”. 

Na sequência, a advogada Camila Calais reforçou que o Sandbox é um recorte que faz parte do assunto anterior. “Temos uma complexidade bastante relevante para tratar. O Sandbox é uma modalidade de insurtech que é regulada. A diferença é que tem a regulamentação”. 

Open Insurance 

Open Insurance foi o tema do terceiro painel, apresentado pelo economista Gustavo Leança e pelo administrador Financeiro, Eduardo Arias. Os executivos explicaram o conceito Opin (redução de Open Insurance), analisaram o cenário atual e os desafios e oportunidades à frente. 

Os palestrantes sinalizaram que ainda existem desafios de adequação tecnológica das seguradoras, de comunicação do setor com a sociedade, de entendimento sobre a SPOC (Sociedade Processadora de Ordem do Cliente) e de questões regulatórias, cibersegurança e mal uso dos dados do cliente. 

GIG Economy 

O painel sobre Base Legal da Economia de Plataforma, também chamada de GIG Economy, foi conduzido pelos advogados Leonardo Girão, Raquel Ferreira e Matheus César, que realizaram uma análise a partir dos seguros integrados (embedded insurance). 

Os especialistas fizeram um recorte do ambiente legal e regulatório dos seguros embarcados, e analisaram as bases legais e regulatórias da distribuição de seguros no cenário da economia de plataforma. “A Economia de Plataforma é um tipo de mercado e o embedded insurance é um modelo de oferta, uma maneira de vender seguros, ou seja, uma forma de distribuição”. 

Telessaúde 

Com o tema Telessaúde, o penúltimo painel foi apresentado por Nityananda Portellada, DPO e security officer do Hospital Sabará, de São Paulo (SP). A área de Saúde, segundo o executivo, tem passado por fortes inovações tecnológicas e será fortemente ampliada com esse movimento. “Por mais que tenhamos tecnologia para deixar um hospital interligado não há largura de banda suficiente para deixá-lo 100% conectado”. 

“Pense que a velocidade é a rapidez que seu carro pode alcançar. Largura de banda é a quantidade de vias que tem essa estrada. Não adianta seu carro ir à velocidade máxima se a estrada é mão única e tem vários outros carros parados na sua frente que impedem você de ir mais rápido. Com a chegada do 5G, a medicina ganha um divisor de águas. Essa nova conexão traz um benefício muito grande e aumenta de maneira expressiva a largura de banda. Com isso, você consegue interligar diversos equipamentos e, consequentemente, conseguirá gerir de maneira inteligente com o machine learning”, afirmou. 

Regulação da IA e seguros em face dos riscos 

Por fim, o advogado e docente da ENS, Thiago Junqueira, abordou a PL da Regulação da IA no Brasil, e o mercado de seguros em face dos riscos dessa tecnologia. Junqueira explicou como a indústria de seguros vem endereçando o uso da Inteligência Artificial. “Não é sobre a perspectiva do uso da IA na cadeia de seguros, ou seja, na precificação de um seguro usando machine learning, ou na regulação de sinistro por meio dessa tecnologia. Mas, sim, como o setor de seguros vai oferecer proteção ao uso da IA por parte de outras empresas”, ponderou. 

“Todas as modalidades de seguros serão impactadas pelo uso da Inteligência Artificial. Seguros E&O, Cibernético, D&O, RC Geral e Ambiental. Acredito que a próxima fronteira do seguro será a cobertura para utilização da IA por parte das empresas”, finalizou o professor. 

Fonte: ENS

Fonte: Fenacor, em 21.08.2023