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A corretora foi uma das insurtechs que conquistou espaço para se apresentar no evento. Keyton Pedreira contou que a insurtech surgiu de um aplicativo de vendas direcionado a pessoas em busca renda extra.

As insurtechs vieram para ficar, afirma Keyton Pedreira, CEO da Segurize, uma das startups de tecnologia de seguros destacadas no Insurtech Brasil 2018, maior evento sobre o tema realizado em São Paulo no dia 5 de abril. “Isso é irreversível. A prova está nos números dos eventos voltados para esse tema”, afirma.

Segundo José Prado, organizador do Insurtech Brasil, a segunda edição do evento contou com 700 pessoas, acima dos 300 inscritos na edição de 2017. Já o número de novatas de seguros mapeadas saltou de 25 para 57. “Mas isso já pode ter mudado, pois surge uma novidade a cada dia”, comentou Prado no fechamento do evento.

Pedreira conta que no congresso de insurtech realizado em Las Vegas em 2017, um dos principais sobre o tema no mundo, teve a oportunidade de conhecer algumas startups que já se preparavam para virar seguradora, mesmo diante das dificuldades impostas pela regulamentação diferenciada para cada um dos 50 estados que compõem os Estados Unidos.

Na Europa elas estão ainda mais desenvolvidas. É um caminho sem volta e já bem segmentado para atender um consumidor que quer comodidade, serviços personalizados, preços acessíveis e variedade de oferta”, afirma Pedreira.

Tal revolução é determinada pelo uso da tecnologia que mudou o hábito de consumo do público, que resolve quase tudo na palma da mão, como pagar contas, fazer investimentos, reservar carros e hotéis, solicitar um guincho, marcar consultas entre outras centenas de facilidades já consolidadas no mundo. Em seguros, um dos benefícios citados é que o consumidor deixou de ser refém de preços antes passados por gerentes de bancos e corretores.

Com as insurtechs, sendo a maioria delas dedicadas a plataformas de vendas, o consumidor tem em mãos ferramentas de comparação de preços. “Começamos a ver clientes exigindo preços menores, coberturas mais amplas, o que gera a redução das margens das seguradoras por meio da competição. As seguradoras que não se adequarem vão sofrer muito”, prevê o CEO da Segurize.

Outra vantagem gerada pelas inovações trazidas pelas insurtechs está no campo da precificação do seguro. “Ter a permissão do cliente para monitorar itens como modo de dirigir ou frequência de prática esportiva, por exemplo, muda a forma de se calcular e de se vender seguro e serviços. Ao mesmo tempo em que as seguradoras vão beneficiar os bons riscos com descontos, os clientes que se mostraram imprudentes certamente adotarão hábitos mais saudáveis para ter acesso ao seguro por preços mais acessíveis. E isso é um cenário muito positivo para todos”, explica Pedreira.

A corretora Segurize foi uma das insurtechs que conquistou um espaço para se apresentar aos presentes diante do sucesso obtido desde o seu lançamento, em novembro de 2016. Em uma rápida apresentação, Keyton Pedreira contou que a insurtech surgiu de um aplicativo de vendas direcionado para pessoas em busca uma renda extra para complementar o orçamento familiar. Após o cadastro e a aprovação como 'segurizer', os usuários podem indicar os produtos disponíveis a familiares, amigos ou conhecidos.

"Cada indicação que se converte em negócio vale pontos que podem ser trocados por prêmios ou dinheiro", explica Keyton. Segundo ele, a cada indicação é possível ganhar entre R$ 10 a R$ 100. “Tudo vai depender do produto que gerou a venda. Em automóvel, por exemplo, temos apólices que custam menos e R$ 1 mil e mais de R$ 20 mil”.

A iniciativa agradou e hoje a Segurize já conta com mais de 25 mil pessoas cadastradas. “Esse número é expressivo se considerarmos que o Brasil tem cerca de 50 mil corretores credenciados pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), órgão responsável por fiscalizar o setor”, compara.

O alvo da Segurize é abordar pessoas que estão fora do assédio dos bancos, seguradoras e corretoras tradicionais. “As classes A e B recebem ofertas de todos. Segundo nossas pesquisas, 90% da classe A têm seguro. Já as pessoas de menor renda, temos apenas 20% com seguro, de acordo com nosso estudo. Muitas vezes nem conta em banco elas têm e por isso representam um grande potencial de consumo de proteção financeira, tanto para produtos ligados à vida, e saúde como a bens patrimoniais. Queremos ser a primeira oferta para esse público. E com o tempo, a melhora da renda da população e a cultura de seguros avançando, vamos atingir esse público com esse formato de distribuição”, acredita Pedreira.

A Segurize se apresentou nas duas edições do InsurTech Brasil. “Até o ano passado, as seguradoras não estavam muito atentas ao tema insurtech, mas o evento ajudou a mudou a visão ao trazer consciência a todos de que não se trata mais de uma tendência ou bolha. É uma mudança estrutural do setor. A edição 2018 superou todas as minhas expectativas. O público dobrou e ficou mais diversificado. Pude fazer muitos contatos aqui, com diversos tipos de investidores, como fundos de investimentos, seguradoras, corretores e empreendedores das mais diversas áreas interessados em desenvolver projetos para todos os segmentos do setor”, finaliza.

Fonte: VTN, em 06.04.2018.