Por Alexandre Camillo (*)
O mundo vinha em velocidade incrível de transformação e a pandemia acelerou mais ainda. Até bem pouco tempo, no fim de 2019, vivíamos sob o temor de que a tecnologia iria acabar com a profissão de corretor de seguros, mesmo sendo uma das que mais e melhor usam as ferramentas que surgem – telefone, fax, e-mail, celular, smartphone, plataformas de comunicação. Com a pandemia, trouxemos para nossa realidade as videoconferências, paradoxalmente resgatando a proximidade e o olho no olho com o cliente. É claro que a tecnologia traz riscos, viver é correr riscos, mas ninguém quer abrir mão da vida, por isso, a tecnologia também se mostrou mais oportunidade do que perda.
Com a realização da pesquisa AVATEC, que identificou o nível de acesso tecnológico das corretoras de seguros de todo o Brasil, percebemos que temos que percorrer um caminho para capacitar e instrumentalizar o corretor de seguros para a sua digitalização. Foi pensando nisso que o Sincor Digital e a Seggy trouxeram o App do Corretor, uma plataforma comercial, que permite a inserção do corretor de seguros no mundo digital. Estamos buscando capacitar e acompanhar cada transformação da sociedade para inserir o corretor de seguros na vanguarda.
Pouquíssimas atividades profissionais se adaptaram tão bem a esse momento de pandemia quanto a do corretor de seguros. Em um país com uma economia diminuída, quando retrocedeu 9% o PIB nacional, o nosso setor acena para um crescimento em torno de 2,5% ou 3%, um oásis no meio do deserto. Tenho dito recorrentemente que a pandemia trouxe a lucidez a todos daquilo que venho dizendo há tempos: o quanto é um privilégio ser corretor de seguros e ter uma corretora de seguros, aqueles céticos que diziam que a profissão iria acabar agora não querem mudar de atividade, deixar de ser corretor para ter um comércio.
A tendência da profissão nos próximos anos é crescer, porque há um caminho enorme a percorrer ainda. A penetração e a densidade de seguros na sociedade brasileira ainda é muito baixa e, mais uma vez, a pandemia trouxe a clara noção para a sociedade que um dos instrumentos mais garantidores para reparação de perdas, materiais ou afetivas, é o seguro.
Tudo isso é consequência de um movimento organizado e estruturado pelos participantes do nosso setor. “Sozinho, talvez, você possa até ir mais rápido, mas junto, certamente, vai mais longe e com maiores conquistas”. Essa frase nos leva a uma reflexão: os banqueiros, que têm sua capacidade reconhecida e ascensão sobre as sociedades do mundo inteiro, se unem em sua entidade representativa, a Febraban, em percentual de 58%, fazendo dela uma força que nenhum chefe de estado pode se dar ao luxo de não atender e de não procurar se alinhar.
Ao longo dos últimos três anos, o Sincor-SP perdeu mais de 50% de sua receita, quer seja pelo fim da compulsoriedade da Contribuição Sindical (infelizmente muitos corretores não reconheceram o trabalho e não pagaram facultativamente) ou pela perda do convênio para atendimento às vítimas do Seguro DPVAT. Por outro lado, ao longo de sua história, a entidade nunca teve que atuar e representar tanto a categoria quanto neste momento.
Há pouco mais de 18 meses, a nossa categoria tem sido bombardeada com situações de intranquilidade: a possibilidade de exposição da comissão nas propostas, a Medida Provisória 905, que trazia na surdina o fim da regulamentação da nossa profissão, e um recadastramento feito às pressas, pois a Susep, imaginando que não mais exerceria supervisão ao corretor, se desfez de seus dados. A cada momento de intranquilidade recebo uma avalanche de mensagens cobrando atuação do Sincor-SP. E sempre vamos à luta, defendemos e vencemos. A resolução 382 ainda está no ar, tentando, mais uma vez, fazer com que demonstremos ao futuro segurado o montante da nossa remuneração, nos mobilizamos novamente política, institucional e juridicamente e, garanto, vamos vencer mais esta.
Por outro lado, sabemos que as conquistas já obtidas não têm garantia de serem para sempre. A nossa inserção no Simples, um dos maiores ganhos diretos em nosso bolso, pode não ser eterna. A reforma tributária está em plena discussão no Congresso, o governo pode querer revisitar as categorias optantes pelo Simples ou mesmo as tabelas que podemos utilizar. Estamos nos antevendo e já atuando com escritório de advocacia, atentos a essas movimentações e utilizando de mobilizações políticas também.
Temos a cesta de benefícios do Sincor-SP, com a qual estamos atentos às necessidades dos associados e constantemente buscando trazer novidades – uma das principais solicitações da categoria, a viabilização de um plano de saúde coletivo, lançamos o SinCare. Criamos o conceito da calculadora de benefícios, com o qual conseguimos comprovar que ao utilizar os benefícios, o valor da Contribuição Associativa acaba saindo de graça. Porém, além desses benefícios que podem ser facilmente monetizados, e são exclusivos aos associados do Sincor-SP, temos as outras conquistas que efetivamente atendem a 100% da categoria.
O Estado de São Paulo congrega, aproximadamente, 46 mil corretores, entre pessoas físicas e jurídicas e, destes, perto de 9 mil são associados do Sincor-SP. Agradeço imensamente os cerca de 20% que custeiam todos os instrumentos necessários para nossas mobilizações na defesa dos corretores de seguros e peço que se mobilizem para trazer os que estão sendo beneficiados gratuitamente. Se com 20% fazemos todos esses enfretamentos e obtemos todas essas conquistas, imaginem como seria nossa força se tivéssemos números parecidos com a Febraban. Esse apelo não é em prol da diretoria do Sincor-SP e nem mesmo da entidade, mas por amar ser corretor de seguros, profissão que me deu tudo o que tenho e ainda me permite ser agente de proteção e bem-estar para a sociedade, é que me importo com essa luta, pela defesa e garantia de nossa profissão.
(*) Alexandre Camillo é presidente do Sincor-SP.
Fonte: SINCOR-SP, em 24.11.2020