Por Rodrigo Simões (*)

O primeiro passo é entender que ser CEO vai muito além de um bonito cartão de visitas e do glamour que a carreira executiva representa. Ser CEO, na verdade, implica uma gigantesca responsabilidade, que muitas vezes, vem acompanhada de uma imensa solidão!

Apesar de tudo ser construído em equipe, por várias mãos, em muitos momentos, a trajetória é solitária, pois cada decisão neste estágio é um passo adiante, que pode lhe levar à realização de um sonho ou à sentença de morte. E aqui, não tem como terceirizar, tem que assumir individual e exclusivamente a responsabilidade de cada escolha.

Conduzir o sonho de um grupo de pessoas coloca ainda mais responsabilidade. A gente começa pequeno, mas já querendo ser grande o quanto antes e equilibrar as ações estratégicas de curto e longo prazo é fundamental. Para correr, é preciso começar engatinhar!

Quando você “idealiza” a empresa não imagina o quanto esta busca pelo modelo de negócio ideal é incansável e transformadora. É preciso se preparar, pois há nesse caminho inúmeras variações entre o idealizado e o real. A execução faz toda diferença!

Não perca muito tempo dando murro em ponta de faca, quem erra rápido, erra barato, o contrário, mata o negócio.

Cercar-se de pessoas boas, melhores que você, é importante sempre, mas no início é vital!

E se errar, não fique preocupado nem com dilema porque não acertou na contratação, mude logo, vai ser melhor para todos.

Sua decisão sempre vai refletir em todos, é melhor ficar frustrado porque contratou errado do que quebrar o negócio!

Muitas vezes o cara é bom, mas a empresa vive outro momento. E essa compreensão é extremamente necessária.

Não se preocupe logo no início em formar novas lideranças. O momento é de enraizar a cultura da empresa. Invista energia nisso, sua vida será mais fácil.

Uma empresa com até 20 pessoas, o CEO ainda consegue segurar na mão, ele vê da contratação até dá pitaco no desenvolvimento do produto, e vai testar com o cliente.

Outro ponto relevante é a eficiência na gestão. E para isso não tem tamanho. Algumas pessoas pensam que empresa sendo pequena não precisa de processos e métricas, mas é justamente o contrário. É preciso valorizar as melhores práticas logo cedo, sem, com isso, criar uma estrutura engessada e desempoderada!

Importante também é facilitar a vida do time em prol da produtividade. Nesse ponto, reduzir ao máximo o número de atividades diferentes vai ajudar muito o foco concentrado no relevante.

A ideia é montar uma verdadeira linha de produção com atividades bem definidas!

Certamente, como em tudo, os recursos de tecnologia são limitadíssimos, e, por isso, é preciso concentrar as energias nas funcionalidades que irão trazer os clientes mais rápido. Sem clientes a empresa não existe. Não é o momento de se preocupar em ter o produto perfeito, até porque o produto perfeito não existe se a busca da melhoria for uma constante.

Os clientes, muitas das vezes, não buscam um site ou um app bonito, apesar de design ser importante. A busca é por solução. O cliente contrata pelo problema que será resolvido!

Ainda outro ponto que merece atenção se refere à saudável relação que deve ser mantida com investidores. É ponto chave. No final, o que todos querem é auferir lucros. Portanto, encontrado o modelo de negócio, há que se ter uma busca frenética para gerar caixa e, consequentemente, diminuir a necessidade de aportes para financiar a empresa. O investidor precisa sentir que você está valorizando cada real investido! Isso vai facilitar muito a relação!

O resumo disso se transcreve em uma equação simples: pessoas x processos x tecnologia = RESULTADO. Ou seja, se um dos três pilares zerar o resultado final será 0!

No meu caso, esperei e me preparei durante 12 anos para este momento e gostaria de compartilhar com todos que ajudaram a construir minha carreira e que hoje me acompanham.

A maneira que encontrei foi incentivando quem, do mesmo modo, almeja seguir essa jornada.

Uma coisa tenho certeza, as lições deste início não garantem nenhum sucesso futuro, pelo contrário, aumentam as expectativas e responsabilidades! Até porque virão desafios diferentes e incertos, o que faz com que haja, da minha parte, um aprendizado constante, em relação a tudo e a todos!

Por fim, é preciso sentir que todo dia é o day one. Se todos que tiverem este sentimento, o sucesso é rumo certo.

(*) Rodrigo Simões é CEO na INNO.

(27.09.2018)