Por Antonio Penteado Mendonça
A próxima safra de grãos pode bater o recorde nacional de produtividade, chegando a mais de 238 milhões de toneladas. Com a guerra comercial entre Estados Unidos e China favorecendo o comércio exterior brasileiro, tem quem fale em mais de cem bilhões de dólares gerados pelas exportações de soja em 2019.
Na base destes números impressionantes estão os agricultores brasileiros. Eles são os heróis da epopeia. São eles que desafiam a sorte e todos os anos preparam a terra, plantam, cuidam da fazenda, colhem e despacham a safra, respondendo por um terço das receitas nacionais.
É verdade, eles não chegaram lá sozinhos. Nem os plantadores de soja são os únicos heróis desta história. O Brasil é campeão em praticamente todos os setores da agricultura e da pecuária. Além da soja, somos grandes produtores de cana, café, eucalipto, milho, feijão, arroz, laranja, banana, etc. Somos também reconhecidos internacionalmente pela carne bovina, suína e de frango. Em outras palavras, o agronegócio nacional resgata o orgulho de ser brasileiro, colocando o país em posição de destaque entre os maiores produtores agrícolas do mundo.
Para chegar nesta posição diferenciada o agronegócio nacional contou com importantes ajudas dadas por centros de ensino e pesquisa tidos como tops no mundo. A Escola de Agronomia Luiz de Queiroz é referência internacional, assim como as faculdades de Varginha, Jabuticabal e outras espalhadas pelo imenso território brasileiro.
E o que dizer do Instituto Agronômico de Campinas? Há mais de cem anos ele realiza pesquisas da maior importância para o sucesso da nossa agricultura. E a EMBRAPA, ameaçada de sucateamento pelo aparelhamento feito pelo governo do PT, quando era competente, entre outros trabalhos excepcionais, revolucionou o cultivo da soja, possibilitando que uma planta asiática, de clima temperado, se adaptasse às condições de solo e clima brasileiros, transformando o país no maior produtor mundial deste grão.
O que o sucesso no agronegócio tem a ver com seguros? Tudo. Se o Brasil tivesse condições de proteção minimamente comparáveis aos Estados Unidos e à Europa, nossa agricultura poderia estar em patamar ainda mais brilhante.
As apólices nacionais têm evoluído rapidamente ao longo dos últimos anos, oferecendo garantias importantes e mais adequadas às necessidades dos produtores rurais.
As seguradoras sabem o tamanho do filão representado pelo campo e cada vez mais investem no segmento, desenvolvendo e oferecendo seguros que vão além da proteção da produção, ou o chamado seguro rural.
Hoje, temos produtos modernos que acompanham as necessidades do agronegócio ao longo de toda a cadeia, desde a fazenda e suas instalações até o destino final da safra, normalmente no mercado internacional.
O nó, o X da questão, continua no seguro rural. O governo brasileiro assume 50% do preço do seguro rural. Quer dizer, o produtor paga metade e o governo completa a outra metade. É uma vantagem competitiva importante, ou melhor, seria, se o governo destinasse os recursos necessários para garantir seguro rural para todos os produtores brasileiros. Infelizmente, ele não faz isso. Aliás, não chega nem perto de o fazer.
Segundo especialistas, para atender a demanda nacional o governo teria que destinar perto de três bilhões de reais para custear sua parte do seguro. As entidades que representam o setor solicitaram um bilhão e duzentos, mas o governo deve comparecer com seiscentos milhões de reais.
Ano após ano é a mesma cantiga. O governo discute, promete, mas não cumpre. Isso quando não fica sem repassar a sua parte do prêmio devido às seguradoras por meses e meses, além dos prazos das apólices.
Se compararmos os valores que dariam ao agronegócio um significativo aumento de competitividade ao que foi tungado de todas as formas de empresas como a Petrobrás e os Correios, dos fundos de pensão das estatais, de órgãos da administração direta e indireta dos três níveis de governo, veremos que três bilhões de reais para segurar a safra brasileira são fichinha perto da sangria praticada.
Estamos na antevéspera de um novo governo. Tomara que ele mude a regra do jogo.
Fonte: SindsegSP, em 14.12.2018.