A iniciativa, lançada em 2016 e que conta com a adesão de 43 Unimeds em todo o País, foi exposta na International Conference on Radiation Protection in Medicine, na Áustria
Estudos científicos apontam que doses acumulativas de radiação ionizante podem danificar os tecidos humanos, trazendo prejuízos à saúde, e que crianças são mais sensíveis pelo fato de seus tecidos estarem em desenvolvimento [1]. No entanto, nos últimos anos, houve um aumento significativo na realização de exames com radiação ionizante: de acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), na década de 1990 a 2010, foi registrado um aumento de 40% no número de exames desse tipo no mundo. Para conscientizar sobre os cuidados que devem ser tomados na solicitação e realização desses procedimentos, a Unimed do Brasil, representante institucional das cooperativas que atuam sob a marca Unimed, lançou em 2016 o Programa de Proteção Radiológica Infantil. No mês passado, a iniciativa foi apresentada na International Conference on Radiation Protection in Medicine,evento organizado pela Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) e considerado um dos principais do mundo na área, que foi realizado de 11 a 15 de dezembro em Viena, na Áustria. O trabalho será ainda publicado no livro de contribuições do evento.
O paper "Disseminação do Programa de proteção radiológica infantil em um sistema brasileiro de cooperativas de saúde" apresentado na conferência internacional foi produzido por Sérgio Rodrigues, enfermeiro e analista de Serviços e Recursos Próprios da Unimed do Brasil, e Mônica Bernardo, médica especialista em radiologia e diagnóstico por imagem e cooperada da Unimed Sorocaba. O Programa de Proteção Radiológica Infantil visa conscientizar profissionais da saúde e pacientes do Sistema Unimed sobre os riscos relacionados à exposição excessiva aos raios ionizantes, reduzir a indicação de exames desnecessários e criar condições para que os procedimentos sejam executados com a menor carga de radiação possível. Atualmente, 43 Unimeds aderiram ao Programa, destas 18 já estruturaram uma Comissão de Radioproteção e iniciaram as atividades.
Para facilitar a implementação do Programa em toda a rede, a Unimed do Brasil fornece material de suporte completo, como cartilhas de orientações para médicos, profissionais de radiologia, e pais ou responsáveis; website voltado ao público leigo com informações sobre radioproteção; e outros materiais de comunicação; além de um guia de implementação do programa produzido com base na legislação brasileira e particularidades do Sistema Unimed.
A iniciativa ainda incentiva a utilização de uma carteirinha, cujo modelo também é disponibilizado pela Unimed do Brasil, que permite aos profissionais de saúde o conhecimento da frequência e da data de realização dos últimos exames, para então avaliar com segurança a necessidade da solicitação de um novo procedimento. A carteirinha também traz orientações de segurança aos pais e responsáveis, como uma escala comparativa da radiação recebida por exames e a radiação natural ou de fundo, proveniente do meio ambiente. "Um exame de raios-X frontal simples equivale a um dia inteiro de radiação natural; uma tomografia de crânio corresponde a mais de oito meses de radiação natural e uma tomografia de abdômen, a mais de vinte meses de exposição", são alguns dos alertas contidos no material.
"O programa de Proteção Radiológica Infantil possui ações efetivas tanto para o público médico quanto leigo e utiliza da disseminação de conhecimento baseado em evidências para fomentar o desenvolvimento da cultura de segurança. Essa iniciativa converge com a Atenção Integral à Saúde, modelo assistencial defendido pela Unimed do Brasil e que prevê a prestação de um cuidado global do paciente, atuando de maneira mais preventiva", ressalta o dr. Orlando Fittipaldi Jr, diretor de Gestão de Saúde da Unimed do Brasil.
De acordo com levantamento da Unimed do Brasil realizado nas Unimeds aderentes ao programa, a maior demanda de assistência, considerando a faixa etária de 0 a 12 anos, é de crianças com até quatro anos de idade. "Esse público representa 62% dos de atendimentos em prontos-socorros e 56% das consultas eletivas, o que reforça a necessidade de maior atenção para esta faixa etária", completa o dr. Fittipaldi.
Ações no Sistema Unimed
A Unimed São José do Rio Preto (SP) iniciou o Programa de Proteção Radiológica Infantil em junho de 2016, com foco em crianças de 0 a 12 anos. Os médicos cooperados receberam treinamento, foram distribuídas cartilhas e outros materiais de comunicação sobre o tema aos profissionais de saúde e beneficiários, além da utilização da carteirinha de controle de realização de exames com radiação.
Segundo o responsável técnico de radiologia da Unimed São José do Rio Preto, Dreison Tiago Torres da Silva, com a ação ocorreu uma redução na realização de radiografias. "A partir de 2018, será colocado ainda no Pronto Atendimento Infantil um painel contendo informações para os pais que estiverem na sala de espera com objetivo de disseminar todas as informações sobre a proteção radiológica infantil. A adesão ao programa proporcionou o acompanhamento efetivo, com monitoramento de indicadores e plano de ação quando necessário", comenta.
A Unimed Pato Branco (PR) implantou o Programa em outubro de 2017, quando a operadora promoveu palestra com o físico Fernando Menezes e o médico radiologista Orlando Cláudio Hecke sobre proteção radiológica. O evento foi direcionado aos médicos cooperados nas especialidades de pediatria, clínico geral, ginecologia, obstetrícia e otorrinolaringologista.
Explanação do físico Fernando Menezes aos médicos cooperados e técnicos em radiologia durante o workshop sobre proteção radiológica, promovido pela Unimed Pato Branco
"Para 2018, planejamos a estruturação da Comissão de Proteção Radiológica em todas as instituições hospitalares da rede credenciada da Unimed Pato Branco. No ano que vem, também realizaremos ações de conscientização da população em geral", diz a enfermeira e analista de Regulação de Rede da Unimed Pato Branco, Fernanda Rodrigues Seibt.
Referência bibliográfica
[1] Mathews JD, Forsythe A V, Brady Z, Butler MW, Goergen SK, Byrnes GB, et al. Cancer risk in 680,000 people exposed to computed tomography scans in childhood or adolescence: data linkage study of 11 million Australians. BMJ. 2013;346:f2360.
Fonte: Weber Shandwick, em 09.01.2018.