Por Alexandre Camillo (*)
Sozinhos, a travessia é mais árdua e, talvez, não se complete, apenas juntos aumentam-se as chances de sucesso. Precisamos uns dos outros para evoluir em todos os aspectos, principalmente nas relações de trabalho, e isso se aplica perfeitamente à importância de nossa união em torno das entidades representativas.
Apesar de nós, corretores de seguros, sermos profissionais que contribuímos diretamente para o desenvolvimento e crescimento do mercado, a atual gestão da Susep tem travado diversas quedas de braço conosco e somente pelo fato de agirmos unidos estamos conseguindo nos manter firmes.
Superada a questão da MP 905, que colocava em risco a regulamentação da profissão, temos agora que nos ocupar com a Resolução CNSP nº 382/2020, que tem por objetivo tornar obrigatória a informação ao segurado do valor da comissão de corretagem e ainda criar a figura do cliente oculto.
A Resolução da Susep nos surpreendeu também por vir num momento totalmente inapropriado, em que os corretores e todo o mercado estão tentando se adaptar ao novo normal com a pandemia da Covid-19. Temos atendido ao consumidor de maneira eficientíssima, como atestam as seguradoras, não é o momento de trazermos intranquilidade à atuação do corretor e às nossas empresas.
Nossa remuneração total faz frente aos custos que temos com infraestrutura física e operacional, impostos e colaboradores, sem esquecermos que nosso atendimento não se resume a venda, mas, sim, a uma consultoria antes, durante e, por vezes, até mesmo após o final de vigência da apólice contratada.
Em resposta à ação da Fenacor e do Sincor-SP, a juíza Andrea de Araújo Peixoto suspendeu dispositivos da Resolução 382/2020. Estamos respirando aliviados no momento, não temos nada em definitivo, mas demos um grande passo. Aguardamos para continuar com nosso movimento jurídico em defesa da categoria e contra esse descalabro, que atinge não só o corretor, mas as seguradoras e o sistema como um todo.
Estamos atentos e unidos, com o interesse em comum de proteger nossa profissão. Continuaremos com nosso foco e estratégia até que esse ciclo se encerre, até que a Susep comece, realmente, a atuar em prol de todo o mercado de seguros.
Da mesma forma, unidos, conseguimos a prorrogação do prazo do recadastramento dos corretores de seguros até 14 de agosto. O Tribunal Regional Federal da 3ª Região atendeu ao pedido do Sincor-SP, em linha com estratégia elaborada pela Fenacor, atendendo não só os corretores de seguros do Estado de São Paulo, mas de todo o Brasil.
A decisão levou em consideração o argumento apresentado pelo Sincor-SP de que o sistema utilizado apresenta falhas no funcionamento e muitos corretores teriam os registros suspensos, ficando impedidos de trabalhar e garantir o próprio sustento. Não desistimos sequer um instante na busca desta conquista e do apoio ao corretor de seguros.
Temos registrado inúmeros pedidos de ajuda de corretores que enfrentavam dificuldades no procedimento e que não conseguiam qualquer resposta da Susep. Agora, os profissionais ganham mais prazo para realizar o recadastramento, sem que seja aplicada a pena de suspensão dos registros.
Mesmo com essas demonstrações da força de nossa união, em média, apenas 25% dos corretores de seguros do Brasil são associados aos Sincors. Cadê os outros 75%? Se diante disso tudo, nós não chegamos ao entendimento de que precisamos estar unidos, o que resta acontecer para termos esse consenso?
Juntos estamos superando desafios e não deixando que nos derrubem. Seguimos nos reinventando neste período de pandemia, trabalhando ainda mais em home office e criando oportunidades de negócios em uma nova era. Se há um setor capaz de se adaptar tão bem e trazer tanta oportunidade diante de um cenário adverso, é o de seguros. O momento é de oferecer proteção e segurança à população. As lives organizadas por nossas Comissões estão auxiliando os corretores de seguros e efetivamente fazendo com que o Sincor-SP exerça o papel de provedor de soluções para o dia a dia.
Neste sentido, vínhamos produzindo a pesquisa AVATEC (Autoavaliação das Corretoras de Seguros em Tecnologia 2020) com a proposta de conhecermos a estrutura tecnológica dos corretores em suas empresas em todo o Brasil, e nunca poderíamos imaginar que seria tão oportuna para o momento que vivemos. Divulgamos os resultados da pesquisa em live e na matéria de capa desta edição. O estudo mostra que 50% das corretoras obtiveram boa avaliação e 25% atingiram padrão de excelência no uso da tecnologia.
Pudemos ver o quanto o corretor, fazendo uso da tecnologia, se adaptou tão bem a esse momento de desafios com a pandemia, mantendo o consumidor próximo ao melhor instrumento de proteção e mitigação de riscos: o seguro.
Essa pesquisa trará parâmetros para a transformação do Sincor-SP no Sincor Digital, algo que também já estava sendo trabalhando antes da pandemia. Precisamos desses dados para sermos assertivos nas ações futuras para o corretor, tanto na transformação do Sincor Digital como nas plataformas que queremos levar ao corretor.
Somos empreendedores empoderados, mas não podemos prescindir da força que só conseguimos com nossa união em torno das entidades representativas e na busca por mais representação política, para alcançarmos nossos pleitos e defendermos a permanência de nossa atuação.
(*) Alexandre Camillo é presidente do Sincor-SP.
Fonte: Sincor-SP, em 14.08.2020