Por Antonio Penteado Mendonça
O Brasil pode crescer mais de 2% em 2018. Para quem vinha na recessão que nos atingia é número para ser comemorado. Não é para qualquer um, inclusive países ricos, fazer a lição de casa e mudar o rumo da forma como o país fez.
Isso tudo debaixo de uma guerra suja no campo político e com a maior investigação sobre corrupção da história do país correndo solta, com políticos importantes na cadeia ou condenados em primeira instância e alguns dos maiores empresários passando por apertos inimagináveis até poucos anos atrás.
A crise econômica se descolou do cenário político e o Brasil vai caminhando bem, na direção da retomada do crescimento, que deve se consolidar em 2018, com as últimas análises apontando para mais de 2%.
Importante salientar que a retomada está sendo puxada pela indústria e que os investimentos estrangeiros estão em patamares bem mais elevados do que as previsões diziam que aconteceria. É uma soma consistente, que deve catapultar a economia como um todo, dando para o ano que vem um cenário mais amigável do que foi 2017.
Se 2017 foi um ano ruim para praticamente todos os setores, serviu também para se colocar ordem na casa, com o Governo restaurando a confiança no país, através de reformas pesadas, como a reforma trabalhista e outras medidas que já tiveram impacto importante e devem ser reforçadas pela reforma da previdência social.
O Natal de 2017 deve ser bem melhor do que o Natal do ano passado. O comércio está otimista e contrata funcionários temporários para auxiliar nas vendas de fim de ano. Parte deles deve ser efetivada, mostrando a recuperação do consumo das famílias, a grande mola da economia brasileira nos últimos anos.
A indústria automobilística está crescendo bem. A maior parte da produção está sendo exportada, mas já há sinais claros de recuperação das vendas no mercado interno. É aí que começa a participação do setor de seguros nesta história.
Nos últimos anos, a carteira de seguros de veículos perdeu segurados. A crise bateu forte e a redução das vendas de carros novos somada à redução das renovações de seguros de carros usados atingiu várias seguradoras e corretores de seguros.
Esta situação deve começar a mudar. E o bom é que, como o segmento estava deprimido, o crescimento deve dar fôlego para alavancar a retomada dos negócios. Afinal, se 100% de zero é zero, cinco seguros vendidos é 500% em cima de zero e isso é particularmente importante para os corretores de seguros que têm forte dependência do seguro de veículos.
Mas não é só o seguro de veículos que pode ser beneficiado com o fim da crise econômica nacional. O setor está pronto para o momento. As seguradoras tiveram tempo e base atuarial para atualizar seus produtos e os corretores estão com sangue nos olhos para retomarem as vendas.
Há um universo para ser atendido capaz de dobrar a participação do setor no PIB nacional. O dado ruim, visto sob outro ângulo, pode ser muito positivo. É o caso da baixa penetração do seguro na sociedade brasileira.
A retomada do crescimento chega num momento em que o brasileiro, por causa da crise, tem uma melhor noção sobre a importância da poupança e da proteção patrimonial.
E o país tem, atualmente, mais de 18 milhões de imóveis sem seguro de qualquer natureza. A maior parte das empresas médias ou pequenas não contrata seguros adequadamente. Apenas 25% da frota de veículos está segurada. Os planos de saúde privados vão buscar de volta os 3 milhões de segurados que os deixaram por causa da crise. A previdência complementar tem muito a ganhar com a reforma da previdência social. Os seguros de vida devem ser modernizados, etc.
Há muito a ser feito e o setor está pronto para o desafio. Os próximos cinco anos serão muito interessantes e a grande vencedora será a sociedade brasileira.
Fonte: SindSegSP, em 15.12.2017.