Por Antonio Penteado Mendonça
Não tem como, o mundo anda para frente e a velocidade do passo tem se acelerado vertiginosamente ao longo dos últimos anos. As mudanças a partir da década de 1980 transformaram o mundo corporativo de forma radical. O desenho das empresas já não é o mesmo, tanto faz o país que se analise. O foco econômico mudou e gigantes desapareceram do cenário internacional, enquanto outras, com desenho completamente diferente, assumiram os seus lugares.
O carro chefe do século 20, a indústria automobilística, deixou de ter o protagonismo que a fez responsável pelo incrível desenvolvimento do mundo ao longo do século passado. Gigantes como Kodak, Xerox e até a General Eletric perderam o bonde e hoje tentam se reinventar, lutando desesperadamente para não desaparecerem.
Equipamentos como máquinas de escrever modelo esfera e fax vieram, viram e se foram sem deixar saudade ou ao menos lembrança. As novas gerações, nascidas depois dos anos 1990, não sabem ao menos do que se trata. Da mesma forma que para elas os primeiros celulares não fazem o menor sentido.
A velocidade das mudanças está na bica de sofrer outra aceleração impressionante. A chegada e difusão dos aparelhos 5G deve modificar tudo que está aí, redesenhando o atual universo das comunicações e criando possibilidades inimagináveis para quem não é perito no tema.
Não tem como fugir, desde o desenvolvimento dos programas Windows o ser humano passou a ultrapassar barreira após barreira, cada vez numa velocidade mais rápida.
Todos os setores foram afetados. A vida privada não é mais a mesma, a vida a dois não é mais a mesma, as relações de parentesco não são mais as mesmas; as relações empresariais mudaram, as pesquisas mudaram, as invenções mudaram, os campos de pesquisa mudaram.
Todavia, o mundo de hoje será velho amanhã e o amanhã será velho em pouco tempo, ultrapassado por algo novo, que não foi ainda sequer pensado e que também estará superado pouco tempo depois de ser a revolução do momento.
Não há razão para estas mudanças não atingirem o setor de seguros. Aliás, elas não só atingiram, como modificaram substancialmente os principais riscos atualmente aceitos pelas seguradoras.
A bola da vez são os riscos cibernéticos e os fenômenos naturais, com ênfase para as mudanças climáticas. Qual o tamanho dos prejuízos possíveis de serem causados por eles? A ordem de grandeza já passou o trilhão de dólares em poucos anos. E a tendência é que continue a crescer.
Neste cenário, será que é possível dizer que a corretagem de seguros como é hoje conhecida e praticada no Brasil se manterá a salvo das transformações socioeconômicas e das demandas da população?
A resposta é não. No novo cenário, onde rapidez e capacidade de penetração são tudo, não tem como um desenho de distribuição com baixa capilaridade se manter como praticamente o único canal de vendas, inclusive para produtos massificados, como são os seguros populares.
Se as vendas de seguros pelos celulares ainda não estão acontecendo, irão acontecer rapidamente. As novas gerações não querem perder tempo conversando e mantendo contato físico para tocarem suas vidas. Tudo que for possível ser feito apertando os botões do celular é bem-vindo e será a solução natural para a maioria das decisões a serem tomadas ao longo do dia. Entre elas, seguros.
É claro que nem todos os tipos de seguros poderão ser contratados pela Internet. Seguros empresariais mais sofisticados, seguros de responsabilidade civil com difícil quantificação dos riscos, seguros que exijam análises mais profundas continuarão sendo contratados da forma convencional.
Mas por que visitar um corretor para contratar um seguro de veículo? Um seguro viagem? Um seguro de vida em grupo e acidentes pessoais?
Estas mudanças estão para cá da linha do horizonte e devem acontecer rapidamente, de maneira silenciosa, como algo normal e embutido no desenho da vida moderna.
Quem não se preparar para elas corre o sério risco de ficar para trás. A afirmação vale para seguradores, corretores e segurados. Os novos tempos estão na nossa porta. É só questão de pouco tempo para entrarem na sala.
Fonte: SindsegSP, em 12.04.2019.