Estudo da MAPFRE Economics revela que em 2019 os prêmios somaram R$ 234 bilhões. Dados da última década mostram evolução gradual do setor, com crescimento superior a 200%
O mercado segurador brasileiro tem potencial para movimentar R$ 553 bilhões, número quase 2,4 vezes superior ao que o segmento gerou em 2019 (R$ 234 bilhões), de acordo com o estudo "O mercado segurador latino-americano em 2019", realizado pela MAPFRE Economics e editado pela Fundación MAPFRE. O levantamento mostra que entre 2009 e 2019 o setor cresceu 205,7%.
A análise revela o avanço gradual do mercado nacional na última década. O índice de penetração, que é a relação entre os prêmios e o PIB, chegou a 3,3% em 2019, um aumento de 0,2 pontos percentuais quando comparado a 2018 e de um ponto percentual em relação à 2009. A Brecha de Proteção do Seguro (BPS), que representa a diferença entre a cobertura economicamente necessária para a sociedade e a quantidade efetiva de cobertura adquirida, indica o amadurecimento do mercado brasileiro. Em 2009, a BPS representava 2,9 vezes o mercado e em 2019 esse valor caiu para 1,4 vezes do total movimentado pelo setor, ou seja, houve uma redução do gap entre o seguro contratado e o considerado necessário para o bem-estar social. Os indicadores de densidade, que revelam o valor de prêmio per capita, também avançaram, chegando a R$ 1,1 mil em 2019, 10,5% superior ao valor observado em 2018.
Em relação aos prêmios totais, houve crescimento real (descontada a inflação) de 7,4% em 2019, quando comparado a 2018. Os seguros de vida apresentaram uma forte recuperação na venda de produtos de Previdência VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre), depois de uma queda no volume de prêmios em 2018. Uma das razões para esse impulso pode ter sido a reforma da previdência e a maior conscientização da população para complementar sua aposentadoria. O segmento movimentou R$ 152 bilhões em 2019, crescimento real de 12,8% em relação a 2018.
A área de Não vida teve leve queda, com decréscimo real de 1,4% quando comparado a 2018, totalizando prêmios de R$ 82 bilhões. Os grandes destaques foram os seguros de Responsabilidade Civil, Rural e Transporte de Cascos, que cresceram 18,4%, 12,4% e 10,9%, respectivamente.
Cenário latino-americano
O estudo apresenta um panorama detalhado do mercado segurador em 19 países da América Latina e mostra que o volume de prêmios cresceu 1,6% na região, alcançando U$ 153 bilhões. Do total, 54% correspondem a seguros Não Vida e 46% a seguros de Vida.
Apesar da situação de relativa desaceleração econômica vivida pela América Latina em 2019, os grandes mercados seguradores, com exceção de Argentina e Chile, tiveram bons resultados. Neste sentido destacam-se, especialmente, o México e Peru, cujo crescimento real medido nas moedas locais foi de 7,2% e 7,4% respectivamente. Brasil e Colômbia também apresentaram crescimentos significativos nas suas moedas: 7,4% e 6,6%, respectivamente.
Por linhas de negócio, os prêmios de seguros de Vida cresceram 5,1% medidos em dólares (ante queda de 7,2% em 2018), graças a uma menor depreciação das moedas durante 2019, enquanto os prêmios de seguros Não Vida caíram 1,1% (contra -4% em 2018). No primeiro segmento, os prêmios dos seguros de Vida individual e coletivo aumentaram. Esses segmentos, que representaram 40,2% do total dos prêmios, tiveram um acréscimo de 6,9%, em grande parte explicado pelo bom desempenho desse ramo de negócios no Brasil e no México. Em relação ao segmento Não Vida na região, grande parte dos ramos que compõem esta linha de negócio diminuiu. O ramo Automóvel, que representa 16,9% do total dos prêmios, teve uma contração de 8,5%.
A penetração média da região foi de 2,9% em 2019, superior em 0,08 pontos percentuais ao ano anterior. O indicador melhorou no segmento Vida (1,4%, ante 1,3% no ano anterior), mantendo-se inalterado no segmento Não Vida (1,6%). Em relação à densidade, cada habitante da região gastou em média 248,3 dólares, 0,7% acima do nível registrado no ano anterior. A maior parte dos gastos per capita com seguros continuou concentrada no segmento Não Vida (133,9 dólares), com queda de 2% em relação ao ano anterior. Porto Rico continua apresentando o maior índice de penetração e densidade da região, atingindo em 2019 valores de 14,8% e U﹩ 5.050, respectivamente. Isso se explica porque o volume de prêmios desse mercado inclui seguro saúde para a população mais pobre, que é administrado pelo setor de seguros privados e custeado com orçamentos governamentais. Abaixo de Porto Rico, Chile (4,3%), Brasil (3,2%) e Colômbia (2,8%) foram os países com maior taxa de penetração em 2019.
Em 2020, o panorama pode mudar drasticamente. A crise desencadeada pelas medidas de distanciamento social para o enfrentamento da Covid-19, a queda dos preços do petróleo e demais matérias-primas tornam o panorama econômico extremamente complexo para a região em 2020. Nesse sentido, a MAPFRE Economics prevê uma queda do PIB de 9,4% para a região.
O estudo completo está disponível em espanhol no link:
http://www.fundacionmapfre.org/documentacion/publico/es/catalogo_imagenes/grupo.do?path=1107929
Fonte: InPress Porter Novelli, em 14.10.2020