O painel “Mega Tendências” foi um dos destaques do 2º Insurance Mega Trends, da Escola de Negócios e Seguros (ENS). Especialistas debateram os desafios e as oportunidades do mercado de seguros para 2025 e além, explorando quatro temas: “Envelhecimento Populacional, Previdência e ASG”, “Mutualismo”, “Empreendedorismo, Inovação e Financiamento” e “Inteligência Artificial e Open Insurance”.
Esse painel foi encerrado pela referência em Open Insurance, Manuel Matos. Vice-presidente da Fenacor, coordenador do Comitê de Open Insurance da Câmara Brasileira da Economia Digital (camara-e.net) e membro do Conselho de Administração da ENS, Matos apresentou suas projeções sobre o impacto da inteligência artificial e do mercado aberto de seguros na distribuição de produtos em 2025.
Em sua explanação, o executivo destacou que o Opin, antes visto como uma tendência em desenvolvimento, se consolida definitivamente em 2025 como uma realidade do setor. Ele também comentou que a adoção do Open Data é um movimento inevitável, garantindo que os dados permaneçam sob o controle de seus titulares e, ao mesmo tempo, fluam livremente para impulsionar a competitividade do setor.
Sobre a inteligência artificial, Matos foi categórico ao afirmar que é uma realidade consolidada. “Quem disser que a IA é uma tendência, certamente está fora do mercado. Para ser benevolente, está atrasado. A inteligência artificial está integrada de forma transversal a praticamente todas as atividades profissionais e amplamente incorporada a ferramentas do nosso dia a dia”.
Abrindo as atividades, a diretora-presidente da Brasilprev, Ângela Assis, compartilhou sua visão sobre o primeiro assunto. Para a executiva, a discussão sobre envelhecimento populacional é uma megatendência pois impacta diretamente a economia global. “Mais de 1 bilhão de pessoas no mundo têm 60 anos ou mais, e esse número deve dobrar até 2050”, disse.
Ela citou exemplos internacionais que já enfrentam desafios demográficos. “O Japão é o país com a maior população 60 anos ou mais. Cerca de 33% da população está nessa faixa etária. Na Europa, por outro lado, temos o continente mais velho do mundo. 25% da população europeia tem mais de 50 anos, e esse número chegará a 35% até 2050. Os Estados Unidos enfrentam o mesmo desafio. A maior economia global tem 22% dos habitantes com mais de 60 anos, e o déficit da seguridade social norte-americana supera US$ 1 trilhão”.
No Brasil, o envelhecimento também é presente e avança em ritmo acelerado. Ângela revelou que, em 2003, 8% da população tinha mais de 60 anos. Em 2023, esse percentual dobrou para 16%, com 33 milhões de brasileiros nessa faixa etária.
“Com a expectativa de vida no nosso País, que é de 72 anos, e, considerando a população acima dos 50 anos, que são 55 milhões de brasileiros, temos um enorme desafio. O Brasil está envelhecendo rapidamente antes de se tornar um país rico”, observou.
Além do envelhecimento, a palestrante chamou a atenção para a baixa educação financeira no Brasil. “80% dos brasileiros não pensam na aposentadoria, enquanto 55% já reconhece que a previdência pública não será suficiente para manter seu padrão de vida”, pontuou.
Para o setor segurador, este cenário representa uma grande oportunidade. “A previdência privada é essencial nesse contexto, e o corretor de seguros terá um papel cada vez mais estratégico na orientação financeira dessa população”, concluiu.
Novo mercado com as mútuas
O segundo tema do painel “Mega Tendências” destacou o Mutualismo. Assunto efervescente no setor de seguros, a sessão foi conduzida pelo consultor de Projetos Especiais da ENS, Augusto Coelho, que explicou os motivos que fazem das mútuas um mercado em ascensão.
Augusto destacou o estudo pioneiro “As Mútuas no Mercado de Seguros”, publicado pela Instituição em 2023. Desenvolvido pelo consultor, em parceria com o assessor da presidência da ENS, Marcelo Rocha, e com o ex-diretor do Centro de Pesquisa e Economia do Seguro (CPES) da Escola, Claudio Contador, a pesquisa embasou a regulamentação do setor por meio da Lei Complementar nº 213/2025.
“Fizemos um benchmark com mais de 25 países e constatamos que, em nações em desenvolvimento como o Brasil, as mútuas representam entre 27% e 28% do mercado. Aqui, no entanto, elas correspondem a apenas 5%. Ou seja, temos um potencial enorme para quintuplicar essa participação, ultrapassando os R$ 90 bilhões”, alertou o consultor.
Ele também detalhou as principais novidades trazidas pela LC nº 213/2025, sancionada em 10 de janeiro, com destaque para as oportunidades que esse novo mercado trará, especialmente para os corretores de seguros, que agora poderão comercializar produtos mutualistas.
“Essa mudança permitirá maior inclusão e expansão da base de clientes do setor. Estamos diante de uma das maiores transformações das últimas décadas, que estabelece um novo subsistema da Proteção Patrimonial Mutualista”, concluiu.
Digital como tendência
O futuro do mercado passa, inevitavelmente, pela transformação digital, e na apresentação sobre “Empreendedorismo, Inovação e Financiamento”, Marcelo Blay, fundador da Minuto Seguros e da BlayCo Consultoria, compartilhou detalhes sobre a modernização tecnológica como uma tendência de mercado.
Para ele, o grande desafio das empresas não está apenas em adotar novas tecnologias, mas em compreender profundamente o próprio modelo de negócio. “Antes de investir em qualquer inovação, é essencial mapear o funcionamento da sua empresa para identificar as tecnologias mais adequadas. Esse conhecimento permite melhorar as taxas de conversão e reduzir custos de forma estratégica”, explicou.
Blay ressaltou que a Inteligência Artificial pode ser um grande diferencial competitivo, mas precisa ser utilizada de maneira inteligente, ajudando as empresas a repensarem processos e estratégias. “Ao fundar a Minuto Seguros, a grande sacada foi integrar um processo tecnológico eficiente com as seguradoras, trazendo os clientes para o digital, mas mantendo um atendimento humanizado. Essa combinação foi um sucesso”, relembrou.
Por fim, o executivo reforçou que o verdadeiro diferencial continuará sendo a conexão humana, citando o especialista e referência mundial em marketing, Philip Kotler.
“O futuro do mercado é H2H – Human to Human. O digital é fundamental, mas a relação humana continua insubstituível”.
Fonte: ENS, em 19.02.2025