Por Silvio Toni (*)
São muitos os que pagam por ações ilegais cometidas por irresponsáveis dentro do setor
A saúde no Brasil anda sempre a passos lentos, com uma precariedade que vai desde suas estruturas físicas até suas estruturas governamentais. Diariamente são muitos os desafios que o setor precisa vencer, e infelizmente um dos que mais precisam ser combatidos neste momento são as fraudes — que "roubaram" dos "cofres" da saúde cerca de R$ 14 bilhões em contas hospitalares, de acordo com o Advance Medical Group e o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).
As ações ilegais praticadas por muitos representantes do segmento têm custado alto para a saúde no Brasil — principalmente para os planos de saúde. Falsificação de carta de permanência para obtenção de redução de carências, alteração de endereço para reduzir o preço, alteração de contrato social, de caged, de comprovante de pagamento, alteração de idade para redução do valor, alteração de peso e altura (para não imputar CPT nos casos de obesidade mórbida), alteração da declaração de saúde, inclusão de falsos funcionários (algumas vezes com formulário fornecido pela própria operadora) etc., são apenas alguns dos exemplos. São ações absurdamente inescrupulosas e irresponsáveis, sem limites e sem qualquer condição de estar no nosso mercado. Quando a pessoa se abre para a fraude, ela rompe uma barreira de proteção interna e perde completamente — e em pouco tempo — a noção do que é certo e do que é errado.
O que é preciso, então, para acabar de vez com essa "doença" do setor? A resposta é conversa. Essas ações corrompem e desequilibram um sistema matemático muito sensível, passando uma imagem de promiscuidade para o mercado em geral; portanto, antes de mais nada todos deste segmento devem falar muito sobre o assunto, pois quanto mais o mesmo fica oculto, mais difícil será o tempo de conscientização. Precisamos tratar os crimes como crimes e os criminosos como criminosos. Estamos em um momento de rupturas de práticas antigas que não se sustentam mais e que exigem um novo comportamento por parte de todos os envolvidos: corretores, corretoras, operadoras, sindicato e profissionais da saúde.
Já no que diz respeito ao Sindiplanos, há um trabalho com a ANS para certificação de das corretoras, de forma que somente poderão ser intermediados contratos por pessoas e empresas certificadas pela ANS. Após esse passo, quem cometer fraudes será suspenso e poderá ter o registro cancelado em definitivo. Assim também as corretoras que fraudarem o sistema através de empresas que burlem o sistema tributário e venham a gerar suspeitas de lavagem de dinheiro através de práticas comerciais insustentáveis e outras falcatruas próprias das empresas, serão chamadas para apresentar provas que esclareçam que as suspeitas não procedem e, caso se confirme o dolo, serão denunciadas para os órgãos competentes e terão o código ANS suspenso ou cancelado.
A solução virá com a união das empresas e dos profissionais do setor em debates que desvendem o tema e apresentem soluções efetivas que sanem esse problema da saúde, que trazem desconfianças em relação ao segmento e consomem a todos nós.
(*) Silvio Toni é Presidente do Sindiplanos.
Fonte: Estilo Press, em 04.04.2018.